Penas
Perdigão perdeu a pena,
Não há mal que lhe não venha.
Perdigão que o pensamento
Subiu a um alto lugar,
Perde a pena do voar,
Ganha a pena do tormento.
Não tem no ar nem no vento
Asas com que se sustenha:
Não há mal que lhe não venha.
Quis voar a uma alta torre.
Mas achou-se desasado;
E, vendo-se depenado,
De puro penado morre.
Se a queixumes se socorre,
Lança no fogo mais lenha:
Não há mal que lhe não venha.
Luís de Camões
Inspirada por esta ode ao sonho e à aventura de os seguir cegamente, sem medir consequências, numa poesia de Luís de Camões onde a palavra pena ganha a forma de sonho e de realidade entre trocadilhos e metáforas, a IMBU cria os brincos Penas.
Tendo em conta o animal, perdigão, ave de hábitos de vida terrestres, voo pesado e plumagem castanha, que neste contexto poético datado do Humanismo Renascentista assume o sentido da tentação da tradição cristã, numa abordagem individualista da emoção do amor proibido ou do amor não correspondido, optámos por usar iolites, da cor azul do céu que envolve a alta torre, onde o pássaro se confrontou com o choque de realidade e a inevitabilidade da morte do sonho que o levou tão alto.
Deixará alguma vez o sonhador de sonhar?
Os Penas da IMBU respondem a esta questão com um quadro, onde no momento da dura revelação, a chuva de plumas da ave castanha foi-se progressivamente transformando, tocada pelos dedos divinos dos anjos que protegem aqueles que sonham tão alto, até finalmente cair por terra, na forma de penas de aves celestes.
O sonho morre dando lugar a outros sonhos.
O sonhador parte deixando o rumo aos sonhadores que se lhe seguem.
Com os brincos Penas a IMBU oferece a inspiração para a perseverança na conquista dos ideais, revelando a força, a ousadia, a tenacidade de quem não cede aos obstáculos, e resume, em forma de homenagem, esta delicada poesia de um dos grandes poetas Portugueses.